sábado, setembro 30, 2006

Mais um desabafo


Voltou a vontade de escrever, de desabafar, o que já é uma vitória. Aqui há uns dias falar neste assunto enchia-me os olhos de lágrimas e tentava a custo evitá-lo. Depois foi a fase da negação"Não, eu não quero um filho, afinal." Agora já estou mais calma e novamente com esperanças. É engraçada a mente de um ser humano e a capacidade que tem de superar os obstáculos... Comecei a pensar em adoptar uma criança, mas logo me surgem muitas dúvidas:
- Como será a criança?
- Que problemas teremos ao criá-la como nossa?
- Será que vamos aceitar o facto de ser filha de outra pessoa e será que eu vou conseguir aceitar o facto de que nunca terei um bebé a crescer dentro da minha barriga?
São muitos comos e serás para duas pessoas só. Eu só coloco a hipótese de adoptar quando não restarem mais opções, mas também não estou disposta a passar a minha vida a fazer tratamentos... Que merda, isto não podia ser mais simples? Para alguns parece tão fácil! e para outros como eu é tão difícil!
De qualquer forma, esta semana recebi uma notícia boa, embora a princípio tenha sentido aquela pontinha de inveja habitual. Um amigo meu vai ser pai pela segunda vez. E não estava à espera!!!! É esta frase que me irrita, porque eu acho que nunca vai acontecer comigo. Claro que lhe dei os parabéns, mas senti-me uma pessoa horrível por estar com inveja de uma pessoa que me é tão querida e que é um óptimo pai, mas não consigo evitar!
Desculpem o testamento. Quero aproveitar para agradecer a todas que me deixaram palavras de ânimo no post anterior, se não fossem vocês, acho que tudo isto seria mais difícil de suportar. Obrigada, queridas amigas!

terça-feira, setembro 19, 2006

Castelos no ar

Tenho andado um pouco ausente e tudo porque mais uma vez, na minha cabeça começou a formar-se uma esperança, ainda que pequena de que pudesse estar grávida. Tudo não passou de esperança, uma vez que após 20 dias de atraso, o meu corpo resolveu avisar-me de que eu não me posso dar ao luxo de sonhar. Por isso, todos os planos que eu fiz, durante estes vinte dias, acalentando a ideia de que agora é que era, todos esses planos se evaporaram, não passaram de castelos construídos no ar, que se desmoronaram assim que a realidade se fez sentir. Depois foi dizer ao meu querido companheiro que afinal não estava grávida - a verdade é que não tinha feito teste nenhum, mas a prova estava ali, com o período a dar o ar da sua graça. E já não bastava a minha tristeza, ainda tive de ver aquele olhar de desilusão na sua cara. Ontem, ao olhar para a pequena mancha de sangue, só tive vontade de gritar, mas gritar de desespero, porque ninguém merece sofrer assim durante tanto tempo. Já lá vão três anos de espera, de sonhos que me levam a um ponto que eu nunca quis enfrentar: os tratamentos. Não sei se vou ter coragem para os fazer, pois de certeza o médico vai mandar-nos fazer algum, mas também quero tanto tanto ter um filho... Quero tanto ter uma criança a quem eu possa contar histórias, a quem eu possa ensinar as coisas da vida, de modo a que ele se lembre de mim como eu me lembro dos meus pais... Ninguém merece esta tristeza... Ninguém.