quinta-feira, setembro 27, 2007

Ligeiramente mais calma

Após esta pequena tempestade, começo a sentir-me mais calma. No entanto, já percebi que estes maus momentos poderão voltar e eu tenho de me conformar com isso. A vida é assim. Adiante, eu e o meu mais-que-tudo não estamos dispostos a baixar os braços e por isso mesmo já estamos a reunir a papelada para entregar na S.S. e iniciar um processo de adopção.
Tratamentos? Não, por agora.
Congelados? Talvez para o ano.
Até lá aproveitar ao natural a nossa relação, sem stresses, sem pressões, pois todos estes problemas já nos estavam a afastar um do outro. Foi isso que fizemos durante estes dias: medir, pesar e analisar a nossa situação e o que pretendemos da nossa vida futura. E descobrimos que queremos ser felizes com aquilo que temos. O que vier por acréscimo, melhor. Neste momento é importante aprender a ser feliz e a sentirmo-nos completos com o que temos e não andar a chorar com o que não temos. Tenho plena consciência de que esta determinação vai durar pouco tempo, mas quero fazer os possíveis para que se prolongue.
Descobri uma certeza na minha vida: vou ser mãe. Se não de útero, de coração. Mas vou ser mãe, sem dúvida.
De resto, na escolinha está tudo bem, tirando o facto de que as semanas parecem voar e daqui a pouco estamos no Natal...
Beijos a todas as que me deixaram comentários e que me animaram nos últimos dias. Ainda bem que existem, são umas mulheres fantásticas!

domingo, setembro 23, 2007

Silenciosa e corrosiva

Os dois últimos dias têm sido banhados pelas minhas lágrimas. Já me estava a sentir melhor, mas ao mínimo abalo, tudo cai por terra, como se de um prédio em ruínas se tratasse.
Chorei muito e dentro de mim sentia sempre a mesma dor sufocante, que me apertava. Apeteceu-me gritar, partir coisas, mas não fiz nada disso. Calei a voz e a fúria da dor dentro de mim e deixei que as minhas lágrimas as levassem. Tudo isto fez com que reflectisse sobre o assunto. Não se lida com a infertilidade. Na verdade, estamos sempre a tentar fugir-lhe todos os anos, meses, dias... Mesmo quando sabemos que a situação é irreversível, a esperança edifica-se na nossa alma, recusamo-nos a acreditar que é o fim, que temos de lidar com essa situação. Achamos sempre que há uma pequenina possibilidade de termos um filho nosso. Agarramo-nos com força à mínima percentagem que os médicos nos oferecem e esperamos. Penso que com os anos nos habituamos à ideia, mas não conseguimos lidar com ela. Limitamo-nos a escondê-la bem no fundo dos nossos corações, esperando que desapareça.
É isto que eu penso sobre a infertilidade, essa dor silenciosa e corrosiva.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Uma semana

Há uma semana que não escrevia e em uma semana muito mudou. Aos poucos vou "esquecendo" naturalmente toda esta história do tratamento, mas também por imposição da escola que começou. Voltei a estar com os meus meninos, tão queridos e tão divertidos e como adoro dar aulas nem reparo no tempo a passar...
Ontem fui ver o musical "Música no coração" no Teatro Politeama e às meninas da minha geração ou até mais "crescidas" recomendo vivamente. São cerca de duas horas em que voltamos a ser crianças, em que nos esquecemos de tudo o que passámos e regressamos à inocência da infância. Dei por mim a acompanhar em inglês - baixinho - todas as cantigas que neste musical são cantadas em português. Devo dizer que muito bem cantadas!
Achei graça também - para quem viu o filme lembra-se bem - à canção que a Maria cantava às crianças quando estava triste... E achei que era uma coisa que nós podiamos fazer. Quando estivermos tristes temos de pensar em coisas boas, só em coisas boas para nos animarmos.
Bom resto de semana!

quarta-feira, setembro 12, 2007

The show must go on

Empty spaces - what are we living for
Abandoned places - I guess we know the score
On and on, does anybody know what we are looking for...
Another hero, another mindless crime
Behind the curtain, hid the pantomime
Hold the line, does anybody want to take it anymore
The show must go on,
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on.
Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for?
I guess I'm learning, I must be warmer now
I'll soon be turning, round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark I'm aching to be free

The show must go on
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on
My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly - my friends
The show must go on
The show must go on
I'll face it with a grin
I'm never giving in
On - with the show -
I'll top the bill, I'll overkill
I have to find the will to carry on
On with the -
On with the show -
The show must go on...

sexta-feira, setembro 07, 2007

Tomada de consciência

Hoje trouxe para a escola umas revistas sobre bebés para dar às minhas colegas que estão grávidas. Algumas dessas revistas foram-me dadas pela minha cunhada, depois de ter tido os meus dois sobrinhos, outras comprei eu ao longo destes três anos de espera, nas poucas vezes que acreditava estar grávida. Hoje de noite acordei e veio-me esta ideia à cabeça, dar as revistas seria uma forma de me desligar pouco a pouco da ideia de ser mãe biológica... É um pensamento frio, eu sei, muito distante dos pensamentos esperançosos e aconchegantes que muitas de vós têm e que pretendem transmitir. Nunca fui pessoa de me iludir muito, mas quando fiz este tratamento acreditava piamente que iria dar certo, até me imaginava a abrir a carta com o valor da beta e a ler um valor concreto e positivo. Depois, tudo ruiu, nem a análise cheguei a fazer e a decepção foi enorme e devastadora. Sou uma pessoa sincera, mas consigo ao mesmo tempo esconder os meus sentimentos de forma quase exemplar. Poucas são as pessoas que sabem que por dentro estou feita em pedaços e aos poucos tento remendar os estragos. Por isso, agora acabaram-se as ilusões, os sonhos, os desejos. Mesmo com as hipóteses que nos restam, com os embriões congelados, não vou fazer planos, por essa razão não sei quando os vou utilizar. Não estou preparada para sofrer. Fazer outro tratamento está fora de questão, este deitou-me abaixo por completo, tenho medo do que possa acontecer se fizer outro. Já sofri vários desgostos na vida, contudo, nunca um como este que me fere todos os dias. Não me posso permitir sofrer mais. Chega.

terça-feira, setembro 04, 2007

Fim das férias - regresso à realidade


Cá estou, depois de umas férias relativamente longas de vinte e poucos dias - eu sei, eu sei, que sorte, não é? - os quais foram passados a passear, a comer e a beber nas terras dos nuestros hermanos! Correu tudo bem, excepto o tempo, que resolveu mostrar cara feia e presenteou-nos com chuva, por vezes forte... De qualquer maneira soube bem estar longe de Portugal e aprender mais qualquer coisa sobre Espanha, que é um país lindíssimo e de grandes contrastes.

Em relação ao assunto infertilidade - ainda não consigo falar sobre isso, ainda é muito doloroso. Por isso, ainda não sei quando vou tentar de novo.

domingo, setembro 02, 2007

Chegada

Já cá estou!...