Um ano depois do tratamento falhado, é impossível não me lembrar dele... Vêm-me à memória frases do género: Há um ano andava eu com a barriga toda picada das injecções; Foi neste dia que fiz a punção; Por esta altura tinha feito a transferência dos embriões, e etc... Mas lembro-me sobretudo dos sentimentos aliados a este tratamento, primeiro o medo das injecções, depois a segurança quando tudo estava a correr bem e a esperança que começou a aumentar de dia para dia, enchendo-me o coração de certeza de uma gravidez. No fim, o pior de todos os sentimentos, a sensação de que tinhamos falhado, de que não tinhamos sido capazes de concretizar o nosso sonho. Seguiram-se tempos de grande tristeza, de grande desilusão principalmente. Chorei muito, senti-me ir muito abaixo, como nunca me tinha acontecido. Acabei por levantar a cabeça e enfrentar o problema, não valia a pena andar escondida a lamber as feridas e comecei a encarar esta situação de maneira diferente. Para quê continuar a sofrer?
Hoje tenho obviamente pena de não poder ter filhos, mas ao mesmo tempo não me apetece tê-los já. Não há necessidade de ser já mãe - não tenho prazo de validade! Acho que estou a aprender a ser feliz por completo sem crianças e depois quando as tiver serei ainda mais feliz. Mas custa muito, oh se custa!