
Nos últimos dias tenho pensado muito quando navego pela blogosfera, enquanto leio os vossos testemunhos. Todas as que sofrem do mesmo mal que eu falam em continuar, indefinidamente, a luta... Eu resolvi não pensar mais nisso. Não me vejo a fazer novo tratamento, parece que tenho mais medo agora do que quando ia iniciar a longa caminhada das injecções. Porquê? Porque é que eu não percebo porque é que as pessoas continuam a tentar mês após mês, sofrendo os desgostos dos negativos, porquê? Onde vão buscar essa coragem e essa força para seguir em frente? Onde? Não é que eu a queira, apenas quero saber o que vos move.
Não vos pareça mal este texto, pois admiro imenso a vossa preserverança, embora não a compreenda. Depois do meu tratamento negativo fiquei de rastos. Senti-me completamente devastada, de tal modo que nem conseguia falar no que me tinha acontecido. Foi ponto assente que não queria repetir. A dor de não conseguir engravidar foi tão grande!... Dois meses depois o meu marido falou em irmos buscar os congelados em Dezembro e eu respondi-lhe com alguma bruteza que nem pensasse nisso, não se tinha apercebido do mal que tudo isto me causara?
Hoje, quase quatro meses após, continuo sem vontade de tentar. Virei-me para a adopção, para a ideia de ter uma criança que não nasça de mim. Virei-me para a minha relação com o meu marido, que saiu fortalecida. Virei-me para mim, pois o centro da minha vida estava a ser uma criança que ainda nem tinha sido concebida... E acho que saí a ganhar. Não vos quero demover de alcançar os vossos sonhos, mas penso que às vezes pô-los à frente de tudo e de todos não dá bom resultado.
Os anos passam, os melhores anos das nossas vidas passam e quando olharmos para trás um dia, o que veremos?