
Num exemplar das Geórgicas
Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais,
tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.
Eugénio de Andrade, Ofício da Paciência
Ontem lembrei-me deste poema, que adoro e lembrei-me de uma aula na Universidade com uma professora de quem gostava muito, que nos leu um dia este poema. Eu adoro ler e este poeta com a sua linguagem tão bela e metafórica sintetiza o que eu sinto por esses "companheiros da alma". Sem livros, sem histórias, a minha vida seria tão vazia... Já em criança tinha esta paixão pelos livros, pois quando ia a algum sítio com os meus pais, enquanto as outras crianças levavam brinquedos, eu levava um livro debaixo do braço. Sonhava com as histórias que estava a ler, imaginava que fazia parte delas. Ainda hoje sou um pouco assim, embora menos inocente. Agora já sei que é impossível fazer parte de um livro ou fazer com que a história descrita no livro se torne realidade!
Que pena, não é? Enfim...